Recentemente um rapaz nos Estados Unidos
entrou no cinema com uma arma e atirou em vários desconhecidos pelo simples
prazer de matar. Após ser pego no estacionamento do shopping, foi descoberto que
seu apartamento estava preparado pra explodir assim que os policias chegassem.
Isso que nos leva a crer que foi uma ação meticulosamente planejada. Mas o que
faz um garoto se vingar dessa forma da sociedade? Esquizofrenia?
Bullying? O acesso fácil à armas? Educação (ou a falta de) dos pais e da
escola? A falta de punição efetiva? Má influência?
Sabe-se que esse garoto sofria bullying na
escola e freqüentava a cerca de um ano um psicólogo. O que é bem oportuno de se
apresentar na frente do juiz, já que distúrbios psicológicos podem gerar
punições mais brandas. E no final das contas o rapaz se mostrou mais esperto do
que louco. O inconsciente coletivo, por algum motivo, atribui atos violentos a
um comportamento reprimido do indivíduo, a falta de estrutura familiar e/ou o
excesso de filmes e jogos com temas de guerra. Acontece que o senso comum erra
ao focar o problema no ambiente em que se configura ao invés de prestar atenção
na reação do indivíduo.
Comportamento reprimido
Timidez, dificuldade de socialização, isolamento vão contra o ideal de felicidade, portanto são vistos como defeitos perigosos. Acontece que esse comportamento tende mais para introspecção do que para revolta. Os japoneses por exemplo, em uma situação de pressão ficam deprimidos e até com tendência ao suicídio mas não agem com violência aos outros. Há quem fique mais complacente com a dor alheia, como também há quem cultive o ódio se tornando implacável. Essas características podem construir no indivíduo tanto um caráter para o bem quanto para o mal.
Falta de estrutura familiar
Um acompanhamento dos pais na educação dos
filhos é muito importante, só que nada fala mais alto do que o exemplo. Mas não
se engane, o exemplo pode produzir um comportamento completamente inverso aos
dos pais. Tudo depende do que a criança considera como referencial principal e
a visão dela sobre o que compensa. Não é raro ver em uma família estruturada
(nos termos sociais de estabilidade aceitáveis) o filho ou filha praticar
coisas que jamais foram ensinadas pelos pais. Afinal onde se aprende a queimar mendigo,
a usar hipocrisia e falsidade ou pequenos delitos contra ética socialmente
ignorados? Da onde vem a inveja? Imagina a decepção dos pais ao constatar
a postura do filho contrária ao que sempre ensinou!
O inverso também acontece, quando a criança
considera o comportamento dos pais inaceitáveis e decide por si só não seguir o
exemplo. E assim ela procura um outro referencial no qual possa se espelhar. A
idéia de recompensa entra aí. Pais bobos ensinam seus filhos a manipular
pessoas bobas, a começar de dentro de casa. Os super-protetores escondendo seus
filhos da vida ensinam eles a serem bobos. Principalmente por colocar o bem e o
mal em pólos opostos, quando muitas vezes isso se mistura numa mesma pessoa.
Pais muito amorosos não preparam seus filhos para serem rejeitados. E pais
desleixados não preparam os filhos pra nada.
Excesso de filmes e jogos com temas impróprios
Atribuir o comportamento leviano de uma pessoa a partir do que costuma assistir, é analisar muito superficialmente o problema em busca de uma resposta fácil. Definir classificação etária é sim importante, mas o que determina o grau de influência é a capacidade de absorver e analisar o que está sendo visto. E é necessária uma certa maturidade e base para que a ficção não produza interpretações erradas sobre certos comportamentos. Mas o que faz com que essa influência seja absorvida de forma positiva é o que se aprende sobre aquele assunto até a idade classificatória. Não adianta nada ter 21 anos sem saber nada sobre as conseqüências dos seus atos e ir pra uma festa com classificação etária de 18 anos. Os erros seriam inevitáveis.
Se essas coisas devem ser consideradas na educação deles, resta pensar em como cria-los.