Ontem,
dia dezenove de dezembro, o presidente americano Barack Obama fez um pronunciamento à respeito
do porte de armas, impulsionado pelo incidente na escola de Newtown, que deixou
ao todo 27 mortos. Medidas serão tomadas para que haja um maior controle na
compra e no porte de armas. Antes, no seu primeiro pronunciamento, fez um apelo
sobre prestar atenção em como essas crianças estão sendo criadas.
É
certo que a cultura bélica nasce do fato de que USA é uma super potência
mundial, portanto deve estar preparada para ameaças externas e zelar pela sua
própria segurança. Essa visão do estado influencia na postura do indivíduo. Em
uma questão macro, nascem as oportunidades de assuntos para a ficção inclusive.
E é aí que se torna uma questão cultural. Nesse âmbito é uma cultura muito
difícil de reverter, principalmente depois de ter sido aprovada pelo
legislativo do país.
Ao
mesmo tempo, o acesso chega a uma população que não está preparada para
"usar" da mesma forma que foram preparadas para comprar o produto.
Sendo assim a oportunidade de acesso a arma faz a ocasião do disparo.
Parece
loucura dizer isso, mas em que ocasião essas armas compradas devem ser usadas? Quando
não é destinada à caça, se ter uma arma em casa representa segurança contra
algum tipo de invasão porque balas reais não são substituídas pelas de
borracha? Afinal homicídio, mesmo que em legítima defesa ainda é crime.
Seria
preciso conhecer mais da constituição americana sobre armas para debater sobre
esse assunto. Mas os motivos que levam as pessoas a atirar em alguém não são
sempre dos mais racionais, muito menos comportamentais. Sociabilidade e felicidade são comportamentos que podem ser facilmente
dissimulados, assim como a falta de sanidade não justifica comportamento
agressivo. Figuras como Hitler tinham um alto grau de inteligência e erudição e
nem por isso se tornaram pessoas melhores.
Muitas
dessas atitudes violentas podem estar relacionadas a reação à frustração. Por
exemplo: formigas são seres altamente metódicos, organizados e que trabalham
perfeitamente em grupo. Mas que diante de uma situação de desespero sucumbem ao
medo e se suicidam. Experimente cercar um grupo de formigas com água em volta
delas. Quando percebem que não tem saída, começam a correr agitadas de um lado
para outro até o momento em que se jogam
na água e morrem. Assim acontecem com as pessoas também.
No
caso do Adam Lanza seria bem oportuno saber se na infância ele sofreu algum
abuso, em casa ou na escola, do qual a mãe dele não deu a devida importância.
Talvez ele tenha se sentido desamparado pela pessoa que deveria protegê-lo. O
fato do Adam ter ido a escola com os documentos de identidade do irmão, pode
dar indícios de uma tentativa de tentar incriminar ele? Por que? Inveja?
Ciúmes? E que tipo de ameaça fez a mãe do Adam Lanza querer ter uma arma em
casa? O final trágico que culminou no suicídio do garoto, segue uma linha de
raciocínio em que a conseqüência do que praticou , o levaria a prisão ou ser
morto pela polícia. Pelo histórico de como essas coisas acontecem, ele preferiu então o suicídio. Essa é apenas uma
conjectura das questões que cercam esse incidente.
Além
de criar alternativas para que essas frustrações sejam absorvidas de modo menos
prejudicial para a sociedade, dispositivos de segurança e armazenamento poderiam
ser disponibilizados pela própria empresa que fabrica. Além disso, punições mais
severas para quem deixaram as armas ao alcance de quem pode usá-las indevidamente.
Talvez isso proporcione uma conscientização maior sobre como o cuidado de ter
onde guardar e quem terá efetivamente acesso é tão ou mais eficiente que a
preocupação em comprar uma. Questões importantes para serem revistadas ao
conceder a licença para o porte de armas, caso seja uma cultura difícil de ser eliminada.