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domingo, 5 de outubro de 2014

Aborto

Esse não será um texto para defender ou rejeitar a pratica do aborto. Eu tenho minhas convicções pessoais, mas existe uma realidade que é ignorada quando se fala nesse assunto. A descriminalização já acontece de forma total ou parcial em muitos países. Na América do norte e em grande parte da Europa, ele é legalizado em qualquer situação, mas na maioria dos países subdesenvolvidos, não é. É preciso provar que há má formação do feto ou risco de vida, mediante consulta médica para dá o diagnóstico e no caso de estupro é preciso fazer uma ocorrência. Não se faz uma ocorrência de um “acidente”, mas de um crime. E às vezes até para vítima é difícil reconhecer, principalmente quando se trata de uma pessoa próxima. Esse é o caso mais complicado. Quando não é um estranho, ladrão, pobre e sujo, não querer denunciar por medo de ter cometido um engano, por medo da violência ou até de causar uma situação constrangedora entre amigos. De qualquer forma, pra efetuar o aborto é preciso comprovar o crime na delegacia. Coisa da qual nem todo mundo está disposto a fazer, e quiçá é até aconselhada a deixar pra lá, ouvindo coisas do tipo “vai prejudicar fulano por causa disso?”, ”foi sem querer.”. Essa decisão se torna extremamente pessoal, não cabe a terceiros decidir por ela.  A ofendida que tem que dizer se foi ou não um crime e se ela disser que não, mesmo que tenha sido, ou por mais que tenha se arrependido nenhuma outra pessoa poderá fazer a denúncia no lugar dela.


Quando não é esse o caso e a mulher engravida mesmo assim, o que dizer de pessoas que não tem o desprendimento de dividir com um responsável ou um familiar o problema? Na maioria das vezes, quem assume esse papel são mais irresponsáveis ainda. Não é difícil você entrar em uma sala de aula e achar alguém que conheça quem já tenha feito um aborto, sem que os pais soubessem. Na maioria das vezes não diz nem que transou. E para reparar o erro, como faz?



10% dos casos de morte das mães gestantes são por causa de tentativas de aborto espontâneas ou provocadas. O SUS (sistema único de saúde) usa o método de curetagem, uma prática que não é  das mais seguras, além disso, pode recorrer na justiça sobre a necessidade de fazê-lo, como ocorreu com uma mulher em 2010. A senhora, casada, morava no Ceará e resolveu abortar por causa da gravidez de risco. O hospital recorreu da decisão, alegando só fazer o procedimento com a autorização da justiça. Não houve tempo hábil para um recurso e o bebê nasceu morto. A gestante morreu no dia seguinte após uma parada cardíaca (caso ocorrido em 2010 segundo relatos da reportagem).



O aborto clandestino é a quinta causa de morte materna no país e a cada um milhão de abortos 250 mil são internas por causa de complicações 

no procedimento. Foi o que aconteceu em Pernambuco quando uma adolescente de 15 anos ficou grávida do namorado e coube ao pai dele planejar o aborto dela. A garota foi levada, contra a sua vontade, a um técnico de enfermagem conhecido por fazer abortos clandestinos na região. O aborto deu errado, resultou em uma hemorragia e os “responsáveis” deixaram ela na frente de um hospital, praticamente morta e foram embora.


Como o aborto é um procedimento cirúrgico, todo cuidado é pouco inclusive no manuseio das ferramentas que podem causar infecções se não forem corretamente esterilizadas. E são métodos extremamente invasivos e traumatizantes.


Nas primeiras semanas os abortos são feitos de forma química, remédios ou chás que induzem a contração do útero até que o feto se solte da parede, simulando uma menstruação. O remédio só se encontra clandestinamente, e por conta do alto risco de contrabando tem grandes chances de ser falsificado. O chá pode causar intoxicação, enjôos, vômitos, hemorragia em excesso e morte inclusive se consumido em excesso.

A sucção é um método em que um tubo é introduzido no útero pra aspirar às paredes e sugar o feto, podendo ser 29 vezes mais forte que um aspirador de pó. Além de infecção, pode dilacerar e perfurar o útero.


Dilatação e evacuação é um método do qual o útero é dilatado e uma espécie de tesoura vai cortando e raspando o feto até que as partes sejam totalmente retiradas. Também há riscos de perfuração do útero.


Envenenamento salino é um método onde é injetado um veneno no fluido amniótico, que queima o feto, causando espasmos, vasodilatação generalizada, inchaço, congestão, hemorragia, choque e a morte. A gestante entra em trabalho de parto para dar a luz a um feto morto.

Cada procedimento desses é feita de acordo com o período da gravidez que o define. Mas você acha que alguém pensa nisso quando se quer se livrar de um problema? Até que ponto colocar a própria vida em risco, pare esconder um problema vale a pena? Também gostaria de saber dos pais se matariam ( sim, desfazer-se)  a criança que nasceu de uma gravidez não planejada, agora. Há algum arrependimento de ter deixado ela viver?
Se não, se está tudo bem, se ela poder ser suprida e alimentada então a questão está encerrada.