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domingo, 1 de março de 2015

Jornalismo na era da overdose da informação






Nessa época da supervalorização de conteúdo, o jornalismo tem sido alvo fácil do descrédito de uma população jovem, que se intitula muito bem informada, ao ponto de desmerecer os meios tradicionais de informação.  Entre jogo de palavras e conclusões superficiais, vai se formando uma geração que entende pouco do muito que lê. E por não ter referências, consegue facilmente se deixar acreditar em conclusões que demonstram ser tão partidárias, quanto aquelas em que se queixam contra.


O jornal surgiu pela necessidade de propagar resoluções do governo que atingia a todos, que entre outras coisas atendiam aos interesses de classe do império romano. Também, Cesar se utilizou a ACTA DIURNA para informar sobre conquistas militares e políticas, mas suprimindo derrotas e escândalos. O jornal era feito manualmente através de vários correspondentes para acompanharas notícias.

O jornalismo tem por objetivo a propagação da informação comum à população, mas ela nunca foi imparcial. Há os partidários políticos conservadores ou radicais, há os partidários da verdade, há os que atendem a interesses empresariais e os que omitem por interesse próprios de visibilidade ou fama.




O que muda é a capacidade que um meio de comunicação tem de influenciar na opinião comum em momentos históricos, como quando fez valer a sua importância na época da revolução francesa.Nesse momento a propagação do debate se tornaria um fator relevante, em uma ocasião que simplesmente mudou os rumos da humanidade através de disputa não apenas de poder, mas que resultou em exemplo de constituição de direitos humanos e democracia no mundo todo.Para quem já folheou o jornal pasquim conhece como a crítica política é feita através de charge, porque também foi um veículo de comunicação importante na época da ditadura.




Hoje, o que se vê é uma disputa por audiência que inverte os valores da comunicação em troca de um público cativo do qual precisa chamar a atenção. Um público que se aliena ainda mais porque não sabe pelo que lutar ou o que defender ainda que tenha acesso diário a uma overdose de informação. Se apoiam em lideres anarquista que nem entendem o que dizem, mas afirmam confiadamente que o futuro da comunicação está na deepweb. E para tornar cada vez mais forte a sua própria influência sobre a massa de manobra que construiu, dispara suas armadilhas de sofismas diárias pra induzir ao erro. E induzir uma pessoa a tirar conclusões precipitadas sobre algo ou alguém, passa longe de ser brincadeira e ultrapassa as barreiras da manipulação. Portanto há quem pratique tudo aquilo que diz lutar contra, sem ao menos se dar conta disso. O melhor tipo de massa de manobra é aquele que não se considera um.

A Deepweb é considerada quase um templo mor daqueles que julgam a tudo a todos que estejam fora dela, como hipster.Um fruto da internet, que começou a existir a partir das necessidades militares de comunicação.
Em 2013, 43 jornalistas foram mortos 
Ela é de fato uma ferramenta muito importante de comunicação hoje, porque lá o jornalismo onde os países ditatoriais proíbem a livre opinião, acaba se tornando um lugar seguro para a divulgação de informação em tempo real do que acontece.  Mas a questão é que apenas o fato de uma busca não estar em um buscador regulamentado como google, não torna ninguém mais cidadão ou menos alienado. Qualquer pessoa que tenha uma base escolar satisfatória ao ponto de saber que Tiradentes foi um manipulado ao invés de herói e que o EUA não teria conquistado a sua independência sem a ajuda da França, não se impressionaria ao se deparar com fatos ou dados, antes não difundidos.

A livre opinião é o que torna o cidadão mais consciente do seu papel na sociedade, aceitando pacificamente ou não. Mas uma sociedade cega pode se tornar tão facilmente manipulável quanto radicalmente anarquista. E o melhor exemplo disso é ir pra rua sem saber sobre o que lutar. Uma massa unida, mas sem unidade é como uma onda que passa, faz seus estragos e não muda nada.



É importante ressaltar que a falta de crítica empobrece todos os setores da sociedade, que, teoricamente se transforma para melhorar. Os meios de comunicação são importantes para a democracia, assim com os críticos são importantes para consolidar uma opinião. O medo de que uma população consciente seja a causa do anarquismo, pode se vencido a partir do momento em que se tem a exata noção de que lutar pela igualdade não é quebrar tudo e consumir melhor não é consumir menos. Os desafios se tornam maiores a partir do momento em que a qualidade em todos os níveis de produção tem que seguir juntas e que decadência de alguns setores não se torna um vácuo, será inevitavelmente transformada em outra coisa.


Mas quando se fecha olhos para o que está acontecendo a fim de obter um resultado imediato, é em longo prazo que se percebe a degradação que acontece em cadeia sem possibilidade de cura. Uma sociedade com má formação não produz bons frutos.